História

A Sociedade de Teatro Afifense foi fundada a 27 de Fevereiro de 1859, sob a liderança de Manuel Joaquim Enes Meira. Constituída como uma sociedade por ações com fins comerciais e recreativos, a sua missão era fomentar a educação, a cultura e o entretenimento, preservando a ordem e os bons costumes.

Para atender às necessidades teatrais da comunidade de Afife, ergueu-se um Teatro de considerável dimensão, construído em pedra e cal, localizado nas proximidades da atual Igreja, no hoje Largo 25 de Abril. Este espaço destinava-se principalmente a acolher companhias de teatro profissionais em tournée e também grupos amadores que careciam de instalações adequadas.

A Sociedade Recreativa Afifense marcou o seu início a 15 de Fevereiro de 1885, uma iniciativa de Jerónimo Enes Meira, António de Azevedo Ramos Paz Júnior e Domingos Afonso da Silva. Este trio fundador reuniu 57 associados no arranque da sociedade, demonstrando o forte apoio e interesse da comunidade nas suas atividades recreativas e culturais.

Inicialmente, a sociedade estabeleceu-se numa modesta casa no Largo do Cruzeiro, especificamente no número 51. Não demorou muito para que se mudasse para um espaço mais amplo e significativo, a antiga Casa das Jacôas, no mesmo largo, mas agora no número 189. Esta mudança não apenas refletiu o crescimento e a ambição da Sociedade Recreativa Afifense, mas também o seu papel crescente como ponto de encontro cultural e social na vida de Afife.

A fundação do Club Afifense em 2 de Abril de 1899 foi o resultado da iniciativa de 15 jovens estudantes e amigos, que, por serem menores de idade, estavam impedidos de se tornarem membros da Sociedade Recreativa Afifense. Movidos pelo desejo de terem um espaço próprio para estudo, leitura e entretenimento inofensivo, decidiram estabelecer um clube. Comprometidos com a sua visão, cada membro contribuía com 2 tostões mensais para cobrir despesas modestas e enriquecer uma biblioteca coletiva. Manuel José Moreira, reconhecendo o potencial deste empreendimento juvenil, disponibilizou seu espigueiro no sítio do Cruzeirinho para a sede do Club, após realizar significativas melhorias no local.

Os fundadores, Luís Inocêncio Ramos Pereira, Egas Alves da Silva Moreira, Manuel José Afonso Moreira e Jaime Ramos Moreira, estabeleceram o Club com objetivos claros de educação, lazer e apoio mútuo. Em pouco tempo, o Club Afifense não só alcançou um número impressionante de associados, passando de 42 membros iniciais para 70, mas até 1902, esse número expandiu para 202 sócios. Esta rápida expansão reflete o impacto significativo do Club na comunidade de Afife, promovendo valores de solidariedade, cultura e desenvolvimento social.

A 17 de Fevereiro de 1929, marcou-se um momento histórico para a comunidade afifense, com a primeira reunião entre representantes da Sociedade Recreativa Afifense e do Club Afifense. Este encontro, realizado na sede do Club, teve como pauta principal a discussão sobre a fusão das duas entidades e o delineamento do futuro para a nova associação. Foi um momento de concordância mútua em que se decidiu preservar os direitos, as honras e as regalias já concedidas aos associados de ambas as instituições, destacando-se entre elas a assistência médica para os sócios e suas famílias, bem como as aulas de desenho oferecidas durante os meses de inverno.

Com a chegada de 1930, Afife assistiu ao início de uma nova era com a formalização do Casino Afifense. Esta transição, embora tenha apresentado os seus desafios, não deixou de ser marcada por sucessos e realizações significativas. Encerrava-se assim um capítulo importante na história local, dando lugar a uma instituição renovada que continuaria a promover a cultura, a educação e o bem-estar da comunidade afifense. Este período de mudança não apenas consolidou a herança das associações fundadoras, mas também definiu um caminho promissor para o futuro.

A Associação Casino Afifense emergiu como herdeira dos patrimónios da Sociedade Recreativa e do Club Afifense, consolidando-se como um grémio dedicado à beneficência, instrução e lazer, visando o progresso da população de Afife. A sua fundação simboliza a união de esforços e recursos em prol do bem comum, estabelecendo um marco no desenvolvimento cultural e social da localidade.

O início da trajetória da nova Associação foi marcado por momentos de instabilidade, com a adesão dos associados a acontecer de forma gradual. Enquanto alguns membros das entidades anteriores resistiram à fusão, outros optaram por aderir ao Casino Afifense apenas posteriormente. Este período de transição revelou-se um desafio na consolidação da base associativa e na harmonização dos interesses da comunidade.

A atividade do Casino Afifense teve início ainda no ano de 1930, utilizando o Teatro Afifense como sua sede provisória até que as obras da nova sede fossem concluídas. A legitimidade da associação foi formalmente reconhecida em 2 de Outubro desse ano, quando os seus estatutos foram aprovados pelo secretário geral do Governo Civil de Viana do Castelo. Este reconhecimento, sob o ofício nº 916 de 23 de Setembro, autorizou oficialmente o funcionamento do Casino Afifense, conferindo-lhe um papel crucial na vida cultural e recreativa de Afife.

A construção do Casino Afifense, iniciada em 1930, foi um projeto emblemático para Afife, refletindo o empenho da comunidade em criar um espaço dedicado à cultura, recreio e beneficência. Este período de cinco anos, até a sua inauguração, foi marcado por uma expectativa crescente, simbolizando não apenas um avanço arquitetônico, mas também um progresso social e cultural significativo para a região.

A noite de 22 de Dezembro de 1935 marcou a celebração oficial da inauguração do Casino Afifense. Este evento não só selou a realização de um importante objetivo comunitário, mas também inaugurou uma nova fase na história de Afife, estabelecendo o Casino como um centro vital para o encontro e a expressão cultural da aldeia.

No momento da sua inauguração, o edifício do Casino Afifense ainda não estava completo, com as obras a decorrer conforme a disponibilidade financeira. Esta situação reflete os desafios enfrentados, mas também a determinação da comunidade em concluir este projeto essencial.

O progresso continuou no ano seguinte, com as receitas do filme "As Pupilas do Senhor Reitor" a financiar a compra de 160 cadeiras para a plateia. Estas foram adquiridas de Palmira Terra, em Seixas, por 645$40, demonstrando um avanço significativo na equipagem do Casino e reforçando o envolvimento e o apoio da comunidade ao projeto.

Entre 1939 e 1940, o Casino Afifense viu a conclusão de importantes espaços internos: o salão nobre, o gabinete de direção e a sala de espera. Este avanço foi possível graças ao trabalho voluntário de um grupo dedicado de estucadores, entre eles Matias Rodrigues Meira, António Afonso Silva, Agostinho Gonçalves Ramos, e muitos outros, cujo esforço e habilidade foram fundamentais para o embelezamento e funcionalidade destas áreas.

O salão nobre recebeu um toque especial com a adição de uma tela de teto em estilo Luís XVI, uma obra-prima do artista Álvaro Ferreira Alves executada em 1939. Este gesto generoso do artista, ao oferecer a sua obra ao Casino, não só enriqueceu esteticamente o espaço, mas também destacou o papel da arte e da cultura na identidade e no legado do Casino Afifense.

Em 1941, a entrada do Casino Afifense foi valorizada com a instalação de uma elegante guarnição em madeira de castanho, um trabalho confiado a Arnaldo Pereira Rego. Esta empreitada, realizada por 500$00, não só destacou a entrada do edifício, mas também refletiu o compromisso contínuo com a estética e a qualidade nas melhorias do Casino.

Em 1945, o Casino Afifense deu um passo significativo ao construir uma cabine de projeção moderna, feita de tijolo e revestida com argamassa de cimento, completada com uma porta chapeada. Esta infraestrutura permitiu a exibição de filmes, enriquecendo as opções de entretenimento disponíveis para os sócios e visitantes.

Março de 1967 marcou a conclusão de um importante projeto no Casino Afifense com a construção de uma nova sala, restaurante e cozinha, localizados no sub-palco. Esta expansão permitiu aos sócios a organização de festas e eventos sociais, enriquecendo a vida comunitária. O sucesso deste empreendimento deveu-se à generosa colaboração dos associados, que contribuíram com trabalho, materiais e fundos, demonstrando o forte espírito comunitário que caracteriza o Casino.

Lançada por Arlindo Antonino Martins Lemos, Avelino Meira do Poço, David Meira Freitas, Valdemar Alves Sobral, Vitorino Nogueira Santos, e mais 110 associados, a "Campanha da Cadeira" tinha o propósito de angariar fundos para a renovação da plateia do Casino Afifense. Este esforço coletivo culminou em Abril de 1971, com a notável soma de 65 000$00 recolhida para o projeto.

A responsabilidade pela renovação foi confiada a António Martins Sampaio, um membro dedicado da comunidade, que decidiu presentear o Casino com a nova plateia, reembolsando a totalidade dos fundos angariados. Este gesto de generosidade evidenciou o forte espírito de comunhão e o compromisso dos associados com o enriquecimento do Casino Afifense.

O Inverno de 1972/1973 revelou-se particularmente severo, com um ciclone devastador a atingir Afife, resultando em danos significativos no Casino Afifense, especialmente no telhado sobre o salão nobre. A tempestade não só afetou a estrutura, mas também danificou a pintura do teto, exigindo reparos imediatos para restaurar a beleza e a funcionalidade do espaço. Domingos Coelho assumiu inicialmente a tarefa, sendo mais tarde auxiliado por Domingos Lira e Nuno Ramos, cujos esforços garantiram a recuperação e preservação do salão nobre.

Nos anos de 1971 e 1972, o Casino Afifense empreendeu a construção de um anexo, um projeto generosamente oferecido pelo engenheiro José Teiga Mano. Paralelamente, foram realizadas obras de reparação no telhado e nos tetos do edifício principal. Este período de melhorias visava não apenas expandir as instalações, mas também preservar a integridade do edifício sede.

O anexo, composto por dois pisos, foi concluído em 1976, trazendo novas funcionalidades ao Casino: balneários e um armazém no rés-do-chão, enquanto o primeiro andar acolheu um camarim e uma sala de jogos. Esta última acabaria por ser convertida num auditório, ampliando ainda mais a oferta de espaços dedicados a atividades culturais e recreativas. Na década de 1980, a renovação continuou com a aquisição de novas cadeiras para o balcão e galeria, um upgrade possível graças à generosidade do associado Jeremias Alves Neves.

Em 1983, durante a Festa da Poesia, Pedro Homem de Mello foi homenageado por várias figuras ilustres do panorama cultural português, incluindo Natália Correia, José Carlos Ary dos Santos e Eugénio de Andrade. Este evento reuniu alguns dos nomes mais proeminentes da literatura e da poesia em Portugal, reconhecendo o impacto e a importância da obra de Homem de Mello no património cultural do país.

Em 2003, deu-se início à construção de um novo hall de entrada para o salão nobre do Casino Afifense, espaço anteriormente ocupado pela cabine de projeção, da qual se preservou apenas a parte frontal. A remodelação incluiu a instalação de uma viga de madeira sustentada por colunas acima do teto, garantindo assim a estabilidade da nova estrutura.

Este projeto não se limitou às melhorias estruturais; seguiu-se uma fase dedicada à decoração do teto do hall, que apresenta uma combinação harmoniosa de estilos Art Deco e Renascença Italiana. Com uma riqueza de detalhes, o teto exibe sancas e cantos ornamentados, destacando-se as grinaldas de flores entrelaçadas com figuras de Cupidos, evocando temas de amor e pureza. As mísulas abaixo das vigas complementam o design, enriquecidas igualmente com representações de Cupidos, adicionando um toque de elegância e sofisticação ao espaço.

Desde 2014, a direção atual do Casino Afifense assumiu a responsabilidade de guiar a instituição, focando em sustentabilidade e modernização. Este esforço visa posicionar o Casino como um pilar cultural no concelho de Viana do Castelo, complementando espaços como o Teatro Municipal Sá de Miranda e o Centro Cultural de Viana do Castelo. O objetivo é integrar o Casino numa rede mais ampla de ofertas culturais, enriquecendo assim a diversidade e acessibilidade das atividades culturais na região.

No âmbito do programa "Valorizar o Património", a Câmara Municipal de Viana do Castelo e o Casino Afifense celebraram um protocolo de cooperação, anunciado na comemoração dos 135 anos do Casino, garantindo a requalificação deste icónico espaço cultural. A renovação abrangeu especialmente a sala de espetáculos, que beneficiou de uma atualização técnica significativa, incluindo a remodelação do sistema elétrico, a instalação de uma teia mecânica motorizada e a modernização dos sistemas de luz, som e imagem.

A sala, com capacidade para cerca de 260 lugares, tornou-se um palco regular para uma variedade de atividades culturais, incluindo música, dança e teatro. Paralelamente, o Casino dispõe de um auditório menor, com 50 cadeiras, destinado a eventos mais íntimos como colóquios, lançamentos de livros, palestras e tertúlias. Adicionalmente, a Associação manteve o seu compromisso educativo através da sua biblioteca, que conta com aproximadamente 1600 títulos, servindo como recurso para as escolas locais e atividades de animação.